terça-feira, 1 de maio de 2012

Como fazer trilhões de dólares

Post image for How to Make Trillions of Dollars
Antes de iniciar, devo dizer que não recomendo que você faça isso. Vou compartilhar esta estratégia apenas para fins de informação, para que você possa entender o tabuleiro do jogo com o qual está trabalhando e possa fazer escolhas pessoais melhores sobre como ganha e gerencia seu dinheiro.
Eu aconselho você a ser um milionário, se isso lhe interessar. Se é atrás de bilhões que você está, acho um tanto suspeito, mas lhe darei o benefício da dúvida. Aspirar fazer trilhões, no entanto, é estar no domínio apenas dos perversos e não poderemos mais ser amigos.
O dinheiro gordo não está na criação de produtos, mas na criação de consumidores. Um único consumidor vitalício, que passe a vida gastando da forma que você quer que ele gaste, vale seis ou sete dígitos. Um único. Criar milhões destes é a única forma de fazer trilhões.
Você pode fazer milhões vendendo um produto ótimo para pessoas que precisam dele, mas você faz bilhões e trilhões condicionando uma nação inteira de pessoas a reagir a cada inconveniente, cada capricho e cada desejo passageiro ou medo, comprando alguma coisa.
Sim, isto requer algum capital para funcionar. Você não conseguirá gerenciar o negócio com assistentes virtuais estrangeiros, trabalhando a 5 dólares por hora, mas, como eu falei, eu preferiria que você não lutasse para ser um trilionário, pois isso não é algo bom para o restante de nós.
É necessária uma mudança cultural engenhosa. Um pequeno empresário jamais conseguiria gerenciar isso, mas, se você tem algum dinheiro velho sobrando (e alguém sempre tem), então você está em posição de influenciar ou comprar emissoras, políticos e figuras prestigiadas nos meios de comunicação, e você pode estabelecer um novo normal bem rapidamente.
Após a Segunda Guerra Mundial, alguns poucos americanos privilegiados desenvolveram uma fórmula brilhante para construir uma economia enorme e inimaginável:
[Nossa economia] demanda que façamos do consumismo nosso estilo de vida, que convertamos o comprar e o uso de bens em rituais, que procuremos nossas satisfações espirituais no consumismo. A forma de medir status social, aceitação social, prestígio, passará a ser encontrada em nossos padrões de consumo […] Precisamos que as coisas sejam consumidas, queimadas, desgastadas, substituídas e descartadas de forma regularmente crescente. Precisamos que as pessoas comam, bebam, vistam, dirijam, vivam, de forma cada vez mais complexa e que, consequentemente, tenhamos um consumismo que se expanda constantemente e que custe cada vez mais caro.
~American retail analyst Victor Lebow
Isto é marketing de nível muito elevado, e é o que compõe grande parte do mundo desenvolvido ao seu redor.
Usando a televisão como sua ferramenta principal, marqueteiros de nível muito elevado conseguiram criar uma nação que tipicamente:
  • trabalha praticamente o tempo todo
  • absorve diversas horas de comerciais todas as noites, em sua própria casa
  • está cansada e doente, e vagamente insatisfeita com sua vida
  • responde ao tédio, à insatisfação ou ansiedade apenas comprando ou consumindo coisas
  • tem rendimento disponível, mas não consegue encontrar uma linha mais gratificante de trabalho sem perder seu seguro de saúde
  • cria problemas de saúde para si, os quais podem ser tratados com drogas sobre as quais pode “solicitar informações ao seu médico”
  • possui muito mais coisas do que pode utilizar, e acredita não ter o suficiente
  • é facilmente distraída sobre o estado doente em que se encontra sua vida pelas últimas notícias e fofocas sobre celebridades
  • se convence perpetuamente que não é o momento certo para mudar significativamente seu estilo de vida
  • compra alegremente coisas que estragarão em menos de um ano, e que ninguém sabe consertar
  • aprendeu, por meio da cultura da mídia de responsabilizar culpados, que a chave para resolver questões públicas e privadas é encontrar a pessoa certa para odiar
Não que isso seja drasticamente diferente no restante do mundo desenvolvido. Trilionários (ou pelo menos os empregados deles) estão trabalhando contra o relógio para transmitir estes hábitos para as salas de estar em toda parte. Economia enorme, população enorme, influência global.
Pessoas saudáveis – que sabem lidar com frustração, que desistiram da ideia de balas mágicas, que não assistem TV indiscriminadamente, que se sentem satisfeitas com coisas que não custam dinheiro – não são consumidores em potencial, portanto os marqueteiros de nível muito elevado têm alimentado uma cultura que produz exatamente o oposto.
Você está sendo incentivado, virtualmente a partir de todos os ângulos, a se tornar ou permanecer doente e não realizado, porque desta forma você comprará mais. Não é para que você fique paranoico, mas este é o principal objetivo do retângulo brilhante em sua sala de estar – incentivar uma saúde pobre (mas não completamente falha), uma complacência geral e um reflexo inconsciente para torrar dinheiro.
Este não é um grito de guerra para atear fogo no Wal-Mart mais próximo. O anti-capitalismo clichê é coisa de garotos de ensino médio.
Não estou nem dizendo para você atirar sua TV pela janela. Mas este é sem dúvida um movimento de ROI (custo-benefício) muito elevado, caso esta ideia lhe interesse.
Eu nem mesmo recomendo que você nutra ódio pel'O Homem. De fato, é um eufemismo dizer que isso seria estar latindo para a copa de árvore errada. Não há nada lá fora – nenhuma ideologia, metodologia, comportamento ou ideia de alguém – que seja saudável odiar. O Homem faz o que faz porque não sabe fazer nada melhor – ele mesmo é um viciado, com habilidades de vida pobres.
Suas habilidades de vida podem ser transformadas em habilidades superiores, as quais o protegerão de sucumbir aos impulsos destrutivo e auto-destrutivo, tais como (entre outros) o impulso de criar uma cultura de saúde doente, medo e vício, só para você poder curtir sensações exclusivas como a de vestir uma cueca de 10.000 dólares, ou negociar companhias como se fossem cartões de beisebol.
De fato é um Homem triste o que não consegue ter uma vida confortável sem levar centenas de milhões de pessoas ao chão, para tornar mais fácil obter o que está em sua carteira. A esta altura, ele [O Homem] nem mesmo consegue mais voltar atrás – ele já apostou todas as fichas, como dizem.
Então não odeie O Homem, pois isso apenas deixará você mais fraco e distraído do que pode realizar se não seguir suas pistas. Ódio tem um custo-benefício terrivelmente pobre, pelo menos no que diz respeito a qualidade de vida. Se você tem alguma raiva e sente que precisa algum “investimento”, pratique algum esporte de raquete. Direcione sua raiva para longe de qualquer pessoa ou animal e, quando seu ataque de cólera tiver terminado, direcione sua energia para o cultivo de habilidades de vida.
Eu não me refiro a habilidades de vida específicas para situações cotidianas, como trocar pneus, costurar botões de camisa ou abrir portas de banheiros públicos sem tocar na maçaneta, ainda que estas também são certamente úteis.
Aqui, eu me refiro a fundamentos reais sobre ser um ser humano poderoso e auto-direcionado.
Criatividade. Curiosidade. Resistência à distração. Paciência com o próximo.
E, para tornar tudo isso possível: autoconfiança – uma vontade inabalável de assumir responsabilidade pela sua vida, independentemente de quem tiver contribuído para que ela se tornasse o que é hoje.
Cultive estas qualidades em você e nos outros e, quando este estilo de vida se tornar mais normal do que adotar as dicas de estilo de vida de propagandas de descontos em lojas e da CNN, a estratégia trilionária infalível parará de funcionar. Para qualquer um.
Mesmo que parta de um local aparentemente inofensivo – um apartamento médio em algum canto esquecido da sociedade que foi concebido para deixá-lo doente e impotente – estas características farão mais por você do que qualquer postura “Anti” que você possa imaginar. Odiar o sistema é o passatempo americano preferido. É uma sensação boa, é difícil de parar quando você começa e o conduz a precisamente lugar nenhum, de forma não muito diferente do que comer Doritos.
Não se trata de nós contra eles, mas de nós por nós.
Embora O Homem seja em muitos aspectos imaturo, ele tem, sim, muito dinheiro e suas estratégias estarão na sua frente em todo lugar.
Ele projetou seu estilo de vida, desde os anos que você gastou em um emprego que não tem nada a ver com suas paixões, até o anúncio da Ford que você olha fixamente enquanto urina num mictório na Applebee, até o seu tocador de DVD que durou apenas 30 dias a mais do que sua garantia, até o caminho fácil entre seu micro-ondas e seu sofá.
As estratégias para se tornar trilionário que você encontra são tão traiçoeiras pelo fato do quão normais elas se tornaram. Você as encontrará se infiltrando na sua vida não apenas de forma explícita, em revistas e comerciais, mas implicitamente, na forma como as pessoas ao seu redor – até mesmo pessoas que você ama – esperam que você viva.
Você terá que ser incomum. Espero que você já seja.
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Esta é uma tradução livre do artigo de David Cain, no Raptitude.

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