
Antes de iniciar, devo dizer que não recomendo que você faça
isso. Vou compartilhar esta estratégia apenas para fins de
informação, para que você possa entender o tabuleiro do jogo com o
qual está trabalhando e possa fazer escolhas pessoais melhores sobre
como ganha e gerencia seu dinheiro.
Eu aconselho você a ser um milionário,
se isso lhe interessar. Se é atrás de bilhões que você está,
acho um tanto suspeito, mas lhe darei o benefício da dúvida.
Aspirar fazer trilhões, no entanto, é estar no domínio apenas dos
perversos e não poderemos mais ser amigos.
O dinheiro gordo não está na
criação de produtos, mas na criação de consumidores. Um único
consumidor vitalício, que passe a vida gastando da forma que você
quer que ele gaste, vale seis ou sete dígitos. Um único.
Criar milhões destes é a única forma de fazer trilhões.
Você pode fazer milhões vendendo um produto ótimo para pessoas
que precisam dele, mas você faz bilhões e trilhões condicionando
uma nação inteira de pessoas a reagir a cada inconveniente, cada
capricho e cada desejo passageiro ou medo, comprando alguma coisa.
Sim, isto requer algum capital para funcionar. Você não
conseguirá gerenciar o negócio com assistentes virtuais
estrangeiros, trabalhando a 5 dólares por hora, mas, como eu falei,
eu preferiria que você não lutasse para ser um trilionário, pois
isso não é algo bom para o restante de nós.
É necessária uma mudança cultural engenhosa. Um pequeno
empresário jamais conseguiria gerenciar isso, mas, se você tem
algum dinheiro velho
sobrando (e alguém sempre
tem), então você está em posição de influenciar ou comprar
emissoras, políticos e figuras prestigiadas nos meios de
comunicação, e você pode estabelecer um novo normal bem
rapidamente.
Após a Segunda Guerra Mundial, alguns poucos americanos
privilegiados desenvolveram uma fórmula brilhante para construir uma
economia enorme e inimaginável:
[Nossa economia] demanda que façamos do consumismo nosso estilo de vida, que convertamos o comprar e o uso de bens em rituais, que procuremos nossas satisfações espirituais no consumismo. A forma de medir status social, aceitação social, prestígio, passará a ser encontrada em nossos padrões de consumo […] Precisamos que as coisas sejam consumidas, queimadas, desgastadas, substituídas e descartadas de forma regularmente crescente. Precisamos que as pessoas comam, bebam, vistam, dirijam, vivam, de forma cada vez mais complexa e que, consequentemente, tenhamos um consumismo que se expanda constantemente e que custe cada vez mais caro.
~American retail analyst Victor
Lebow
Isto é marketing de nível muito elevado, e é o que compõe
grande parte do mundo desenvolvido ao seu redor.
Usando a televisão como sua ferramenta principal, marqueteiros de
nível muito elevado conseguiram criar uma nação que tipicamente:
- trabalha praticamente o tempo todo
- absorve diversas horas de comerciais todas as noites, em sua própria casa
- está cansada e doente, e vagamente insatisfeita com sua vida
- responde ao tédio, à insatisfação ou ansiedade apenas comprando ou consumindo coisas
- tem rendimento disponível, mas não consegue encontrar uma linha mais gratificante de trabalho sem perder seu seguro de saúde
- cria problemas de saúde para si, os quais podem ser tratados com drogas sobre as quais pode “solicitar informações ao seu médico”
- possui muito mais coisas do que pode utilizar, e acredita não ter o suficiente
- é facilmente distraída sobre o estado doente em que se encontra sua vida pelas últimas notícias e fofocas sobre celebridades
- se convence perpetuamente que não é o momento certo para mudar significativamente seu estilo de vida
- compra alegremente coisas que estragarão em menos de um ano, e que ninguém sabe consertar
- aprendeu, por meio da cultura da mídia de responsabilizar culpados, que a chave para resolver questões públicas e privadas é encontrar a pessoa certa para odiar
Não que isso seja drasticamente diferente no restante do mundo
desenvolvido. Trilionários (ou pelo menos os empregados deles) estão
trabalhando contra o relógio para transmitir estes hábitos para as
salas de estar em toda parte. Economia enorme, população enorme,
influência global.
Pessoas saudáveis – que sabem lidar com frustração, que
desistiram da ideia de balas mágicas, que não assistem TV
indiscriminadamente, que se sentem satisfeitas com coisas que não
custam dinheiro – não são consumidores em potencial, portanto os
marqueteiros de nível muito elevado têm alimentado uma cultura que
produz exatamente o oposto.
Você está sendo incentivado, virtualmente a partir de todos os
ângulos, a se tornar ou permanecer doente e não realizado, porque
desta forma você comprará mais. Não é para que você fique
paranoico, mas este é o principal objetivo do retângulo brilhante
em sua sala de estar – incentivar uma saúde pobre (mas não
completamente falha), uma
complacência geral e um reflexo inconsciente para torrar dinheiro.
Este não é um grito de guerra para atear fogo no Wal-Mart mais
próximo. O anti-capitalismo clichê é coisa de garotos de ensino
médio.
Não estou nem dizendo para você atirar sua TV pela janela. Mas
este é sem dúvida um movimento de ROI
(custo-benefício) muito elevado, caso esta ideia lhe interesse.
Eu nem mesmo recomendo que você nutra ódio pel'O Homem. De fato,
é um eufemismo dizer que isso seria estar latindo para a copa de
árvore errada. Não há nada lá fora – nenhuma ideologia,
metodologia, comportamento ou ideia de alguém – que seja saudável
odiar. O Homem faz o que faz porque não sabe fazer nada melhor –
ele mesmo é um viciado, com habilidades de vida pobres.
Suas habilidades de vida podem ser transformadas em habilidades
superiores, as quais o protegerão de sucumbir aos impulsos
destrutivo e auto-destrutivo, tais como (entre outros) o impulso de
criar uma cultura de saúde doente, medo e vício, só para você
poder curtir sensações exclusivas como a de vestir uma cueca de
10.000 dólares, ou negociar companhias como se fossem cartões de
beisebol.
De fato é um Homem triste o que não consegue ter uma vida
confortável sem levar centenas de milhões de pessoas ao chão, para
tornar mais fácil obter o que está em sua carteira. A esta altura, ele [O Homem] nem mesmo consegue mais voltar atrás – ele já apostou todas
as fichas, como dizem.
Então não odeie O Homem, pois isso apenas deixará você mais
fraco e distraído do que pode realizar se não seguir suas pistas.
Ódio tem um custo-benefício terrivelmente pobre, pelo menos no que
diz respeito a qualidade de vida. Se você tem alguma raiva e sente
que precisa algum “investimento”, pratique algum esporte de
raquete. Direcione sua raiva para longe de qualquer pessoa ou animal
e, quando seu ataque de cólera tiver terminado, direcione sua
energia para o cultivo de habilidades de vida.
Eu não me refiro a habilidades de vida específicas para
situações cotidianas, como trocar pneus, costurar botões de camisa
ou abrir portas de banheiros públicos sem tocar na maçaneta, ainda
que estas também são certamente úteis.
Aqui, eu me refiro a fundamentos reais sobre ser um ser humano
poderoso e auto-direcionado.
Criatividade. Curiosidade. Resistência à distração. Paciência
com o próximo.
E, para tornar tudo isso possível: autoconfiança
– uma vontade inabalável de assumir responsabilidade pela sua
vida, independentemente de quem tiver contribuído para que ela se
tornasse o que é hoje.
Cultive estas qualidades em você e
nos outros e, quando este estilo de vida se tornar mais normal do que
adotar as dicas de estilo de vida de propagandas de descontos em
lojas e da CNN, a estratégia trilionária infalível parará de
funcionar. Para qualquer um.
Mesmo que parta de um local aparentemente inofensivo – um
apartamento médio em algum canto esquecido da sociedade que foi
concebido para deixá-lo doente e impotente – estas características
farão mais por você do que qualquer postura “Anti” que você
possa imaginar. Odiar o sistema é o passatempo americano preferido.
É uma sensação boa, é difícil de parar quando você começa e o
conduz a precisamente lugar nenhum, de forma não muito diferente do
que comer Doritos.
Não se trata de nós contra eles, mas de nós por nós.
Embora O Homem seja em muitos aspectos imaturo, ele tem, sim,
muito dinheiro e suas estratégias estarão na sua frente em todo
lugar.
Ele projetou
seu estilo de vida, desde os anos que você gastou em um emprego que
não tem nada a ver com suas paixões, até o anúncio da Ford que
você olha fixamente enquanto urina num mictório na Applebee, até o
seu tocador de DVD que durou apenas 30 dias a mais do que sua
garantia, até o caminho fácil entre seu micro-ondas e seu sofá.
As estratégias para se tornar trilionário que você encontra são
tão traiçoeiras pelo fato do quão normais elas se tornaram. Você
as encontrará se infiltrando na sua vida não apenas de forma
explícita, em revistas e comerciais, mas implicitamente, na forma
como as pessoas ao seu redor – até mesmo pessoas que você ama –
esperam que você viva.
Você terá que ser incomum. Espero que você já seja.
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