quinta-feira, 19 de julho de 2012

Amanhã não é um dia adequado para fazer as coisas


Durante anos eu tenho tentado escrever a maior parte dos meus textos amanhã. Isso nunca funcionou.
Eu não consigo pensar em uma única vez em que eu tenha conseguido escrever meus textos em qualquer outro momento que não hoje.
Historicamente, eu tenho evitado fazê-lo hoje (de todos os dias) porque tenho medo de certos momentos que só podem ocorrer quando eu escrevo hoje. Posso estar na metade de um artigo e me dar conta de que ele não está indo a lugar nenhum. Então, ou o descarto para começar novamente, ou uma tento massageá-lo para transformá-lo em algo que eu não odeie. Este é sempre um momento doloroso e nunca quero que ocorra hoje.
Às vezes o que ocorre é uma versão ainda mais dolorosa deste momento. Eu posso achar que não apenas o artigo atual está uma porcaria, mas a maioria deles está. Não penso assim frequentemente, mas, quando acontece, dói.
Tais momentos não são assustadores de forma alguma quando eu sei que não podem ocorrer hoje. Quando eles são problemas de amanhã, eles se tornam notavelmente fáceis de lidar.
Então minha estratégia, na maioria das vezes, tem sido escrever amanhã. Normalmente eu escrevo hoje apenas quando eu tenho mesmo que fazer isso.
Em algum momento de Sábado de manhã, eu parei de querer escrever amanhã. De agora em diante, só quero escrever hoje. Mentalmente, é um lugar bem diferente do que eu estou acostumado - muito mais otimista, muito mais inspirador - e eu acabei nele após finalmente me deparar com um fato pesado e implacável: Eu não consigo escrever amanhã.
É uma impossibilidade mecânica. Não há nada que você consiga fazer amanhã. Eu jamais fiz alguma coisa amanhã e nem você fez.
Se fazer uma coisa hoje pode causar dor, então ou entregue-se a esta dor ou decida que você definitivamente não está preparado para fazê-la.
Talvez você não escreva, mas eu apostaria dinheiro como existe algo importante que você está sempre tentando fazer amanhã. Boa sorte. Amanhã não é um dia adequado para fazer as coisas.
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Esta é uma tradução livre do artigo de David Cain, no Raptitude, realizada por Alexandre Heitor Schmidt.

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