segunda-feira, 20 de agosto de 2012

O corpo está no comando e não deixará que você se esqueça disso por muito tempo

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Meu corpo me deu uma lição na noite passada. E eu mereci.
Eu vinha sentindo meu ritmo cainr nas últimas duas semanas, e não era sem motivo. Eu assumi mais compromissos pessoais e sociais e não dei conta deles de maneira satisfatória. Os exercícios diários pararam. Relaxei com minha alimentação. Bebi mais e dormi menos.
O corpo é maravilhoso. Ele conduz você por aí, mantém você em forma, manipula o mundo à sua volta. Ele faz seu trabalho. Ele gera afeição aos que o amam. Ele toca sua vida para você. Nos damos conta da sua generosidade geralmente apenas quando ela começa a diminuir.
O corpo também nos perdoa, talvez até demais. Ele aguentará um monte de porcarias antes de ficar bravo. Ele nos dá conselhos educados o tempo todo - a canseira das 15h, o mau humor, o intestino preguiçoso, as feridas estranhas, a boca seca.
Normalmente estamos muito mentalmente focados e o ruído de uma mente superativa pode nos distrair dos conselhos abruptos de nosso corpo. O corpo quer servir, dar prazer, deixá-lo ser você mesmo. Ele pode lhe permitir beber cinco ou seis doses, vez por outra, mas ele lhe punirá se você beber nove ou dez.
Se você não perceber os avisos subliminares, ele eventualmente lhe pegará pelo pescoço e se fará entender. Eu não mantive minha parte do acordo. Eu não cuidei do meu corpo e fui punido.
Então, pelos dois últimos dias, meu corpo me deu uma vingativa dor de garganta. Engolir era dolorido. Ele me deu dores de cabeça, náuseas e arrepios. Sofrer em posição fetal é sempre uma experiência humilhante. Não restam dúvidas sobre quem é que manda.
Foi difícil arranjar vontade para escrever, para limpar, para preparar o trabalho de amanhã. Estou escrevendo isso em meio a resquícios de náuseas e um pouco dopado pelo Neo-Citron. Tudo é colocado em modo de espera quando o corpo fica farto.
O corpo está bem ciente de sua própria posição executiva. Ele é o chefe, mas geralmente um chefe muito bonzinho. Ele oferece muita liberdade, para que você faça uso dela da forma que sentir prazer, mas ele está, em última instância, no comando sempre. Para lembrá-lo disso, ele derruba você em algum momento todos os dias, diretamente para o chão ou outra superfície horizontal. Ele deixa você embriagado e lento e você perde o interesse em praticamente qualquer outra coisa. Ele lhe tira a consciência. Ele revoga a liberdade que normalmente lhe concede durante o dia.
É fácil deixar o corpo no esquecimento, porque ele perdoa muito e é muito honesto. Normalmente sentimos que o chefe é a nossa mente. Mas a mente realmente recebe ordens do corpo. Quando o ritmo do corpo cai, os pensamentos deslizam para o modo auto-defesa: ressentimento, mentalidade vitimista, narcisismo. O corpo está suprimindo suas qualidades mentais mais altas, para voltar sua atenção ao que é mais urgente.
A mente então perde iluminação e sabedoria, e começa a se fixar no conforto. Muitos deles - mais café, outro filme no Netflix, um cigarro, uma bebida, uma rosquinha - não ajudam o corpo de forma alguma. Então ele aumenta a pressão até ter sua atenção e conseguir passar a mensagem clara: você está me impedindo de fazer meu trabalho.
O corpo é a base absoluta da pirâmide de Maslow. Se você não cuidar dele, ele destruirá tudo aos poucos até que você dê atenção à crise. Você não conseguirá ter foco no seu trabalho, você não terá sensibilidade em seus relacionamentos, seus sonhos entrarão em modo de espera e sua auto-confiança encolherá da mesma forma.
Estilos de vida variam muito. Algumas pessoas têm apenas deslises ocasionais. Elas comem e dormem consideravelmente bem, permanecem ativas e ficam doentes uma vez por ano, quando estão estressadas com o Natal. Outras pessoas comem mal a vida toda. Elas se acostumam a sentir-se preguiçosas ou doentes, então o corpo tem que ir mais além. Ele passa sua mensagem por meio de um ataque cardíaco, diabetes ou um derrame cerebral.
Quem quer que você seja, seu corpo está fazendo muito por você e, se você não paga seus impostos em dia, você será notificado.
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A foto de J thorn explica tudo.
Esta é uma tradução livre do artigo de David Cain, no Raptitude, realizada por Alexandre Heitor Schmidt.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

O que os outros deixam para você

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Há outros. Mais do que você pode compreender. Eles estão em toda parte e você conhecerá alguns deles.
Algumas destas outras pessoas se estabelecerão naturalmente como uma figura presente em sua vida, e mudarão a forma como você vê a vida. Isto se chama relacionamento. Se as pessoas permanecem por meses ou anos, sua relação com elas pode começar a parecer permanente.
Não é. Relacionamentos são condições, não coisas. Todos eles têm que terminar em algum ponto. Mas eles deixarão alguma coisa para trás para você.
Existem diferentes tipos, diferentes estilos de conexão entre você e Os Outros: educados, difíceis, românticos, platônicos, confusos. Nós tendemos a enquadrá-los em tipos diferentes - amizades, namoros, casamentos, parceiros de negócios - mas eles são todos fundamentalmente a mesma coisa. Duas pessoas encontram algo em comum, experimentam os pensamentos e ideias umas das outras, absorvem os valores umas das outras e aprendem a partir das histórias um do outro. Personalidades são absorvidas pelas outras pessoas quando estas pessoas ficam próximas o suficiente.
Isto acontece o tempo todo, e sempre é temporário. A afinidade termina e as partes divergem e se afastam. Pode ser depois de 72 horas viajando juntos (em inglês), ou depois de um estágio de verão trabalhando juntos, ou após 55 anos de casamento. Se nada mais terminar com o relacionamento, a morte o fará.
Isto significa que a vida é essencialmente uma viagem solitária. No entanto, você terá esta interminável multidão de visitantes, o que é bom. Personagens que você não imaginava aparecerão, ficarão por um minuto ou talvez alguns meses ou talvez muitos anos, e então deixarão você seguir viagem.
Como regra geral, dê boas vindas aos visitantes. O propósito deles é ajudar o viajante solitário a descobrir como desfrutar do mundo.
A maioria das pessoas vai entrar e sair da sua vida sem que você realmente perceba. Algumas, no entanto, terão grande impacto. Alguns visitantes serão decididamente especiais. Você saberá.
A experiência mais valiosa que uma pessoa pode ter é algo em comum com este tipo de pessoa. A característica que define uma dessas pessoas é que elas tornam impossível que você continue sendo a mesma pessoa quando elas partem.
Cada uma dessas pessoas, no momento em que seus caminhso divergem, terá modificado você de uma forma que é evidente para os outros que o conhecem.
Você provavelmente não entenderá bem o que está acontecendo no momento. No entanto, sentirá algo. A sensação de janelas se abrindo.
Como quer que este encontro se desenrole, sejam quais forem as experiências que o compõem, extasiantes ou detestáveis - alguns meses ou anos de estrada e você está diferente. Você está melhor. Algo que foi difícil agora é fácil, algo que foi assustador é agora familiar, algo sobre o que você se considerava cético, você agora ama.
Você ficará com algumas crenças que não tinha antes. Você valorizará certas coisas mais do que valorizava, e outras coisas, menos.
Talvez você nunca tenha pensado nisso, mas você já passou por isso muitas vezes até hoje. Isto acontecerá repetidamente. Você não tem ideia de quem está a caminho de conhecê-lo. Eles também não fazem ideia.
A qualquer momento, a qualquer tempo, a qualquer dia da sua existência, você pode olhar para sua vida toda como uma vasta coleção de experiências, e reconhecer que elas todas resumem quem você se tornou hoje. Quem você se tornou depende - a um grau que você jamais apreciaria - de com quem você se relacionou enquanto esteve por aí fazendo suas coisas. Você pode ter sido muitas pessoas diferentes.
Todos os relacionamentos são temporários. Eles mudam de forma e textura conforme o tempo passa, e eles eventualmente se vão.
Se foi um relacionamento especial - com um amor, um professor importante, um pai ou mãe - sua ausência pode ser um grande fardo. Quase tangível. Você pode sentir a presença de sua ausência. O Outro se foi. Uma escrivaninha vazia, um travesseiro não utilizado, uma porta aberta sem ninguém ali.
Mas você ainda está lá, e você está melhor do que era.
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Foto de flabber degasky.
Esta é uma tradução livre do artigo de David Cain, no Raptitude, realizada por Alexandre Heitor Schmidt.