quarta-feira, 13 de novembro de 2013

9 epifanias alucinantes que viraram meu mundo de cabeça para baixo

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Com o passar dos anos, aprendi dezenas de pequenos truques e percepções para tornar a vida mais completa. Eles contribuíram para uma melhora significativa para facilitar e melhorar a qualidade da minha vida cotidiana. Mas as maiores descobertas vieram de uma série de percepções que sacudiram meu mundo completamente e redefiniram para sempre minha realidade.
O mundo agora parece ser completamente diferente daquele no qual eu vivi há aproximadamente dez anos atrás, quando comecei a pesquisar sobre a mecânica da qualidade de vida. O que de fato mudou não foi o mundo (e suas pessoas), mas como eu passei a vê-lo.
Talvez você já teve algumas destas percepções. Ou talvez esteja a ponto de tê-las.

1. Você não é sua mente.

A primeira vez que ouvi alguém dizer isso, não gostei nem um pouco. O que mais eu poderia ser? Eu tinha certeza que o tagarela mental na minha cabeça era o "eu" principal, para o qual todas as experiências da minha vida aconteciam.
Hoje eu vejo de forma bem clara que a vida não é nada além de passagens por experiências e que meus pensamentos são apenas mais uma categoria de coisas que eu experimento. Pensamentos não são mais fundamentais do que cheiros, visões e sons. Como qualquer experiência, eles surgem em minha consciência, eles têm uma certa textura e então eles cedem espaço a alguma outra coisa.
Se você é capaz de observar seus pensamentos da mesma maneira que observa outros objetos, quem está observando? Não responda rápido demais. Esta questão e suas respostas inexprimíveis são o cerne de todas as grandes religiões e tradições espirituais.

2. A vida se desdobra apenas em momentos.

É claro! Uma vez eu chamei isto de a coisa mais importante que eu já aprendi. Ninguém jamais experimentou qualquer coisa que não fosse parte do desdobrar de um momento único. Isto significa que o único desafio da vida é lidar com o momento único que você está tendo neste exato momento. Antes de me dar conta disso, eu ficava constantemente tentando resolver minha vida inteira — lutando com problemas que na verdade não estavam acontecendo. Qualquer um pode ter vontade de lidar com um momento único presente, desde que esteja verdadeiramente ciente que este é seu único ponto de contato com a vida e, portanto, não há nada além disso que possa ser feito e que seja realmente útil. Ninguém pode lidar com o passado ou com o futuro, porque ambos existem apenas como pensamentos no presente. Mas podemos morrer tentando.

3. A qualidade de vida é determinada pela forma como você lida com seus momentos, não por quais momentos acontecem e quais não.

Eu atualmente considero esta verdade como sendo o "Happiness 101", mas é incrível o quão tentador ainda é ficar no controle de todas as circunstâncias, para tentar assegurar-se de que eu consigo exatamente o que eu quero. Encontrar uma situação indesejada e lidar com ela voluntariamente é a marca de uma pessoa sábia e feliz. Imagine que você se depara com um pneu furado, ficando doente num momento inoportuno, batendo em alguma coisa e quebrando-a — e não sofra nada com isso. Não há nada a temer se você combinar com você mesmo que vai lidar voluntariamente com a adversidade, não importa quando ela surgir. É assim que você torna sua vida melhor. O método típico e lento consiste em torcer para que você eventualmente acumule forças através de suas circunstâncias, de forma que você consiga ter o que quer mais frequentemente. Há uma frase excelente numa música do Modest Mouse que celebra este efeito colateral da sabedoria: Conforme a vida fica mais longa, sentimentos terríveis ficam mais suaves.

4. A maioria da nossa vida é imaginária.

Os seres humanos têm um hábito compulsivo de pensar tão sutil que nos faz perder de vista o fato de que estamos praticamente o tempo todo pensando. A maioria das coisas com as quais interagimos não se trata do mundo propriamente dito, mas de nossas crenças, expectativas e interesses pessoais nele. Temos uma dificuldade enorme em observar algo sem confundir esse algo com os pensamentos que temos a respeito dele, então a maioria das coisas que experimentamos na vida é imaginária. Como disse Mark Twain: "Eu passei por coisas terríveis em minha vida, algumas das quais realmente aconteceram." O melhor remédio que eu encontrei? Cultivar a atenção.

5. Seres humanos evoluíram para sofrer e nós somos os melhores em sofrimento do que em qualquer outra coisa.

Caramba. Não parece uma descoberta muito libertadora. Eu costumava acreditar que, se eu estava sofrendo, significava que havia algo errado comigo — que eu estava vivendo "errado". O sofrimento é completamente humano e completamente normal, e há uma razão muito boa para sua existência. Aquele zumbido persistente de "isso não está muito bom, preciso melhorar", aliado a flashes ocasionais e intensos de horror e adrenalina são o que manteve os seres humanos vivos por milhões de anos. Esta ânsia de mudar ou fugir do momento presente controla quase todo nosso comportamento. É um mecanismo de sobrevivência simples e implacável que funciona absolutamente bem para nos manter vivos, mas tem um efeito colateral péssimo: os seres humanos sofrem muito por natureza. Isto, para mim, redefiniu cada um dos problemas da vida como um tentáculo da condição humana. Tão triste quanto possa parecer, esta percepção é libertadora porque significa: 1) que sofrer não significa necessariamente que minha vida está dando errado, 2) que a bola está sempre na minha quadra, então meu grau de sofrimento está, em última análise, em minhas mãos, e 3) que todos os problemas têm a mesma causa e a mesma solução.

6. A emoção existe para tirar nosso equilíbrio.

Esta descoberta foi um 180 completo do meu velho conceito de emoções. Eu costumava pensar que minhas emoções eram indicadores confiáveis sobre o estado da minha vida — indicando se eu estava no caminho certo ou não. Seus estados emocionais passageiros não podem ser tidos como confiáveis para medir sua auto-estima ou sua situação na vida, mas são ótimos para lhe fazer ver as coisas sem as quais você não vive. O problema é que as emoções nos desequilibram, mas ao mesmo tempo nos tornam mais fortes. Outro mecanismo de sobrevivência com efeitos colaterais desagradáveis.

7. Todas as pessoas operam a partir das mesmas duas motivações: satisfazer seus desejos e fugir de seus sofrimentos.

Aprender isso me permitiu finalmente ver sentido em como as pessoas conseguem machucar as outras tanto. A melhor explicação que eu tinha antes disso era que algumas pessoas eram simplesmente más. Que desculpa. Não importa o tipo de comportamento que as outras pessoas demonstrem, elas estão agindo da forma mais eficiente que são capazes (naquele momento) para satisfazerem um desejo ou aliviar seu sofrimento. Estes são motivos que todos somos capazes de compreender; variamos apenas em método, e os métodos que cada um de nós tem disponível dependem de nossa educação e de nossas experiências de vida, bem como de nosso estado de consciência. Alguns métodos são hábeis e úteis para os outros. Outros são débeis e destrutivos e quase todo comportamento destrutivo é inconsciente. Então não existe bem e mal, mas apenas inteligentes e estúpidos (ou sábios e tolos). Compreender isso chacoalhou completamente minhas antigas noções de moralidade e justiça.

8. Crenças não são nada do que devamos nos orgulhar.

Acreditar em algo não é uma realização. Eu cresci pensando que crenças eram algo do que devíamos nos orgulhar, mas elas não passam de opiniões que alguém se recusa a reconsiderar. Crenças são fáceis. Quanto mais fortes são suas crenças, menos aberto ao crescimento e à sabedoria você está, pois "força da crença" é apenas a intensidade com a qual você resiste a questionar a si próprio. Tão logo você passa a ter orgulho de uma crença, tão logo você pense que ela acrescenta algo a quem você é, você tornou a crença parte do seu ego. Preste atenção a qualquer conversa "teimosa", conservadora ou liberal, sobre suas mais profundas crenças e você estará dando atenção a alguém que nunca vai ouvir o que você diz sobre qualquer assunto que tenha importância para esta pessoa — a não ser que você acredite na mesma coisa. É gratificante falar com propriedade. É gratificante sentir concordância e este enaltecimento é o que os teimosos procuram. Onde quer que exista uma crença, existe uma porta fechada. Assuma as crenças que resistem à sua análise mais honesta e humilde e nunca tenha medo de perdê-las.

9. Objetividade é subjetiva.

A vida é uma experiência subjetiva e da qual não podemos escapar. Toda experiência que eu tenho surge a partir do meu próprio ponto de vista pessoal e não compartilhável. Não há como outra pessoa avaliar minha experiência direta. Não há colaboração real. Isto tem algumas implicações de grande vulta na forma como eu vivo minha vida. A mais imediata é que eu percebo que devo confiar na minha experiência pessoal, pois ninguém mais tem este ângulo e eu tenho apenas este ângulo. Outra é que eu sinto mais admiração pelo mundo que me cerca, ciente de que qualquer compreensão "objetiva" que eu afirmo ter sobre o mundo é construída inteiramente e desde o princípio por mim mesmo. O que eu realmente construo depende dos livros que li, das pessoas que conheci e das experiências que eu tive. Isto significa que eu nunca verei o mundo de forma semelhante a qualquer outra pessoa, o que significa que eu nunca viverei exatamente no mesmo mundo que outra pessoa — e portanto eu não devo permitir que observadores externos sejam a autoridade sobre quem eu sou ou sobre como a vida realmente é para mim. Subjetividade é experiência primária — é vida real, e objetividade é algo que cada um de nós constrói com base nessa vida, dentro de nossas mentes, de forma privada, com o objetivo de explicar o todo. Esta verdade tem implicações de fazer a terra tremer, em especial sobre o sentido da religião e da ciência nas vidas daqueles que a assumem.
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O que você descobriu que fez seu mundo virar de cabeça para baixo?
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Foto de h.koppdelaney
Esta é uma tradução livre do artigo de David Cain, no Raptitude, realizada por Alexandre Heitor Schmidt.